quarta-feira, 3 de agosto de 2011

4º Depoimento - Protesto de Portadoras de Endometriose

História de Tyta

Minha 1ª menstruação foi no dia do meu aniversário de 12 anos e meu dilema com as cólicas intensas começaram aos 12 anos.


Sempre tive muita cólica e um fluxo intenso que sempre foi dito como normal e quando engravidasse tudo se normalizaria. 
 Em 2002 chegava a ficar 15 dias menstruada e depois de 5 dias lá estava ela novamente, depois de muita pesquisa, descobrimos que tinha pólipo no endométrio, foi feito a histeroscopia cirúrgica e exatamente 01 ano após novos pólipos nova cirurgia, meu Go na época resolveu suspender a menstruação, período maravilhoso, mudei de plano de saúde e com isso novo GO que liberou a menstruação e meu tormento recomeçava e cada vez pior. Minhas cólicas começavam uma semana antes da menstruação e permanecia os 7 dias de menstruação, passei por uns 4 Go e sempre a mesma coisa, vc tem dismenorreia primaria, quando engravidar melhora.

Quando em setembro de 2005 sentir fortes dores abdominais sem estar associado à menstruação, ao fazer uma Us foi visualizado uma formação expansiva ao nível de sigmóide e a medica me disse com todas as letras que deveria estar com câncer e que procurasse um proctologista.
Meu chão sumiu o desespero tomou conta de mim, no dia seguinte encontrei um procto que confiava muito e conversei com ele, a partir daí começou-se os exames: tomografia, ressonância e us transv, que nada deram e as dores cada vez mais fortes, quando no dia 05/01/06 levei o resultado do ultimo exame e sentia tanta dor que não conseguia sentar, ele me medicou e já se falou em vídeo laparoscopia, no dia seguinte encontrei com ele no hospital e como estava sentindo muita dor, me encaminhou para PS...

...e mais tarde quando foi me ver, ainda com dor apesar do tramal venoso acabou me levando para o centro cirúrgico de urgência, diagnostico endo em septo reto vaginal + ovário + peritônio, acabei ficando mais 02 dias internada, pois sentia ainda muita dor, tive alta com acompanhamento do médico da clinica da dor, voltei a trabalhar com 15 dias e no 1º dia de trabalho a menstruação desceu e bastante dolorida.

Infelizmente menstruei 02 vezes depois da vídeo, comecei a usar o zoladex que de nada adiantou, foram 04 meses de muitos sofrimentos devido a dores intensas e diárias...


... 04 meses depois estava novamente no centro cirúrgico ...

...fazendo a histerectomia total e limpeza das aderências, onde foi visto a endometriose no útero,  05 meses apos as dores voltaram e se tentou vários anticoncepcionais e nada segurava a dor, já estava pensando que tinha ficado maluca.
Em janeiro de 2008 muitas dores e medo era maior ainda, quando em 09/05/08 partimos para mais uma vídeo que foi transformada em laparotomia exploradora, onde foi retirado o ovário esquerdo, lise de aderências (meus órgãos estavam todos colados), amputação do reto em virtude de foco infiltrativo, como se ele tivesse achado pouco ainda encontrou hérnia epigástrica e umbilical que foi corrigida na própria cirurgia, essa cirurgia durou 5 horas e foi feita por um proctologista tive uma recuperação maravilhosa. Por segurança manteve-se o uso de AC continuo para evitar uma piora do quadro em virtude do ovário direito continuar produzindo hormônio normalmente. Porem em Novembro de 2008 as dores voltaram que aos exames viu ser aderências, fiz um bloqueio pélvico que segurou as dores até fevereiro, quando as dores voltaram de forma intensa e cíclica. No dia 14/03/09 fui para mais uma vídeo que se transformou em laparotomia exploradora, uma cirurgia difícil, delicada e demorada, durou 10h30min, mais foi um sucesso. Infelizmente bastante mutiladora, sendo realizado à omentectomia + amputação de 50% da vagina + amputação de 15% da bexiga + lise das aderências (se encontrava com a pelve congelada) + limpeza e cauterização de focos de endo no duodeno e estômago. 


Após essa cirurgia se manteve o uso do AC continuo sem muita resposta.
 
Pensava que estava ficando louca, quando fiz uma colonoscopia e foi visualizada muita aderência, que foram aumentando a cada dia, correndo o risco de obstrução intestinal.


Quando em março de 2010 tive sangramento retal e vaginal, mais afinal de onde vinha essa sangue, partimos para novos exames, a RNM deu apenas aderências e muitas, porém ao fazer uma US transv com preparo intestinal foi visualizado focos em nível do intestino e mantendo muitas dores, praticamente 01 vez por semana precisava de medicação venosa para dor e em briga com o convênio para autorizar mais uma cirurgia, em agosto de 2010 conseguir uma liminar autorizando a cirurgia e no dia 29/08/10 partir para mais uma laparotomia exploradora aonde foi feito a lise de aderência + liberação de bridas + retirada do ultimo ovário + raspagem dos focos do intestino.

 
Hoje 10 meses após a cirurgia não sinto dor alguma e não faço reposição hormonal para não correr nenhum risco no que diz respeito a endo, foram 6 meses de sofrimento no que diz respeito a adaptação a menopausa, mais hoje faço apenas o uso do suplemento de cálcio com o objetivo de evitar a osteoporose. Dizer que estou curada não posso, mais desde o diagnostico confirmado nunca conseguir ficar 3 meses sem dor e hoje já são 10 meses.

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Tyta seu depoimento para nós portadoras é um exemplo de superação, persistência e força de vontade de ter uma qualidade de melhor e se livrar das dores, que no seu caso dá para sentir em suas palavras que não foi nada fácil passar por tantas cirurgias e tantos procedimentos para descobrir o motivo e conseguir tratar.
Amigas espero que este depoimento sirva de insentivo para não desistirmos e sim apesar dos obstáculos procuremos sempre estar de pé e dispostas a não cair.
Muito obrigada Tyta por seu depoimento, tenho certeza de que irá ajudar muitas portadoras.
Mais uma coisa... busquem ajuda! A internet hoje é um meio de fazermos amizades com mulheres que estão passando pela mesma coisa ou até pior, trocando informações ... uma auxliando a outra em dúvidas com palavras de insentivo e agente vai superando tudo que possa aparecer em nosso caminho.
Força amigas - Vamos fazer a diferença sempre!

Patricia Gastaldi Gouvêa

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